terça-feira, 31 de janeiro de 2012

FALE COM O MEU ADVOGADO

Vive-se, no Brasil, uma época de querelância latente. Talvez efeito de um afastamento interpessoal tão intenso que faz com que as pessoas busquem no Judiciário um elemento de conexão entre elas. Questões simples de serem resolvidas com o mero exercício do bom senso são conduzidas a juízo para serem decididas por uma terceira pessoa que sequer tem conhecimento dos fatos senão pelas folhas do processo, que nem sempre revelam os fatos.
O Judiciário foi erigido a “prima ratio” quando deveria, na verdade, ser o último recurso, pois longe de satisfazer alguma das partes, é bem provável que o resultado do processo seja a insatisfação de todos os litigantes. Até porque juízes decidem utilizando-se de fórmulas jurídicas incompreensíveis para os “não iniciados”, o que, não raro, leva até os mais altos tribunais do país a decidirem de forma contrária ao senso comum.
Pessoas que buscam reparação para os seus aborrecimentos diários no Judiciário como forma de satisfação imediata, ou são querelantes contumazes ou estão muito mal informados acerca das mazelas de um processo, seja ela cível, penal, trabalhista.
O caminho a percorrer é longo, árduo e dispendioso. Situação que só se agrava com o excesso de demandas distribuídas todos os dias nas varas. Grande parte delas sem nenhuma necessidade de intervenção do Estado e que poderiam ser solucionadas com o mínimo de tolerância.
Com isso, situações que realmente reclamam uma intervenção do Estado, estão cada vez mais longe de alcançarem um pronunciamento definitivo, pois somam-se a pilhas e pilhas de processos que não são decididos por prioridade, mas por ordem cronológica.
Imperativo que, em que pese à evolução e ao crecimento das cidades, haja um retorno ao tempo em que a palavra de um homem valia mais do que qualquer papel assinado e que os processos passem a ser utilizados de modo restrito, ou seja, apenas quando forem imprescindíveis para se defender um direito lesado ou em vias de lesão, ou para punir algum sujeito que tenha agido de forma contrária à lei. Questiúnculas quotidianas, como divergência de ideias, devem ser mantidas e resolvidas com a aproximação entre as pessoas, com a criação de uma cultura de respeito e tolerância com as diversidades e não com ações judiciais temerárias que só servem para inchar a já assoberbada justiça brasileira.