sábado, 23 de abril de 2011

Sobre a nova proposta de plebiscito

Mais uma vez a hipocrisia legislativa grassa em nosso país, afrontando acintosamente a capacidade de raciocínio crítico de todos nós. Cada nova tragédia desencadeia a avalanche verborrágica eleitoreira a o incansável e dolorido massacre midiático. Não podia ser diferente com chacina dos estudantes da escola de Realengo. Novamente se descute alterações nas leis, com a máxima urgência, pois não se pode deixar que o colega se adiante nas ideias. Plebscito. Esta é a palavra que está na ordem do dia. Vamos decidir (de novo) se a venda de armas será proibida no Brasil. Ora, será que a violência urbana imprescinde da anuência do Estado para existir? Pessoas que fazem uso de arma de fogo para fins criminosos realmente vão comprar armas no comércio legl? Não é com novas leis ou embargos que se resolvem os problemas nacionais. Farto e confuso já é o nosso acervo legislativo. Mister que as leis sejam aplicadas e que as pessoas tenham, se não certeza, pelo menos receio plausível de sofrer as sanções legais respectivamente cominadas. No último domingo (10/04/2011) a rede Record exibiu uma reportagem de fôlego sobre a “Cracolândia”, a qual dá a dimensão real da sensação de impunidade que, sem a menor margem para dúvidas, incentiva práticas ilícitas. O delinquente acredita que não será pego; se for pego, não será processado; se processado, não será condenado (adequadamente); se condenado, não cumprirá sua pena; se cumprir a pena, pasmem, virará herói nacional . É ela, a impunidade, a inação estatal o móvel da criminalidade. É ela que arma e instiga a delinquência, que garante liberdade de ação a traficantes (inclusive os institucionalizados) de armas, as quais vão parar nas mão de criminosos e psicóticos. É a certeza de que não haverá atuação do Estado que garante o suprimento de armas, de entorpecentes na “cracolândia” paulistana e nos demais pontos de vendas de drogas do país. Inócuo qualquer pedido de justiça para as vítimas de Realengo. Não há justiça possível para o caso. Tão inútil quanto são as várias ideias de desarmamento. Somente a certeza da punição será capaz de inibir a ação de vendedores de armas ilegais. Que fim levou a “Operação Guilhotina” e tantas outras com nome pomposo? Onde está a continuidade do processo repressivo? A poeira já abaixou? Não sejamos tolos em franquear mais um delírio político despido de qualquer eficácia. Exijamos, ao contrário, efetividade punitiva. É certo que não se pode evitar que psicóticos, esquizofrênicos, psicopatas ou seja lá o que for, resolvam tornar-se franco atiradores, mas é possível evitar-se que tais pessoas tenham acesso a meios eficazes para consumar seu desiderato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário